quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Dentes de Proveta

Não costumamos dar valor a eles até que caiam ou necessitem de reparos substanciais. E as opções são cruéis: ficar sem os dentes perdidos ou substituí-los por próteses inertes. No mundo ocidental, aproximadamente 85% dos adultos já sofreram algum tipo de tratamento dentário. Cerca de 7% perderam um ou mais dentes antes dos 17 anos. Após os 50 anos, a média de dentes perdidos por pessoa é de 12.

Teoricamente, o melhor dente de substituição possível seria feito a partir do tecido do próprio paciente e cultivado no próprio local do dente, mas realizar essa obra de bioengenharia não passava de sonho até pouco tempo. Progressos no entendimento do desenvolvimento dentário, combinados com avanços da biologia de células-tronco e da tecnologia de engenharia tecidual nos aproximaram da realidade dos dentes de substituição biológicos.

Além do potencial benefício para pessoas que precisam de novos dentes, essa pesquisa oferece duas vantagens significativas para testar o conceito de substituição de órgãos: os dentes são de fácil acesso e, embora sua presença aumente substancialmente a qualidade de vida, eles não são essenciais para viver. Esses pontos parecem triviais, mas, com a chegada da primeira onda de órgãos de substituição às clínicas, os dentes servirão como um teste crucial para a viabilidade de diferentes técnicas de engenharia tecidual. Com órgãos essenciais à vida os médicos não terão margem de segurança para cometer erros mas, em se tratando de dentes, os erros não apresentam riscos à vida e ainda podem ser corrigidos.

Isso não quer dizer que a engenharia dentária seja algo simples. Foram necessários milhões de anos de evolução para o estabelecimento dos complexos processos de produção de órgãos, inclusive de dentes, durante o desenvolvimento embrionário. O desafio dos engenheiros de tecidos é replicar tais processos, rigorosamente controlados pelos genes do embrião em crescimento. Por isso, uma boa forma de aprender a produzir dentes é observar como a Natureza o faz.






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